terça-feira, 25 de junho de 2013

COLÔMBIA - ANÁLISE







A Colômbia é um país da América do Sul com população de cerca de 47 milhões de habitantes. Não possui uma boa tradição esportiva, embora tenha evoluído drasticamente nos últimos Jogos Olímpicos, em Londres, ao conquistar um total de 8 medalhas, nada menos do que 80% do que havia conquistado até então. O país iniciou sua participação olímpica em 1932, em Los Angeles, EUA, e somente esteve ausente dos Jogos de Verão, a partir de então, em 1952, em Helsinque, Finlândia. Nos Jogos de Inverno, a Colômbia teve sua primeira participação em 2010, em Vancouver, Canadá. A Colômbia demorou muito tempo para conquistar suas primeiras medalhas olímpicas, que vieram apenas em 1972, nos Jogos de Munique, então Alemanha Ocidental. O país obteve um total de 3 medalhas, 1 de prata e 2 de bronze. A medalha de prata foi obtida no Tiro ao Alvo, com Helmut Bellingrodt na prova de alvo móvel. Bellingrodt marcou 565 pontos, ficando 4 pontos atrás do soviético Yakov Zhekleznyak, que estabelceu um recorde mundial de 569 pontos. As medalhas de bronze foram conquistadas com os pugilistas Clemente Rojas, na categoria até 57 kg, e Alfonso Pérez, na divisão até 60 kg. Rojas passou pelo canadense Dale Anderson (3-2) na segunda rodada e pelo búlgaro Kuntcho Kuntchev por w.o. nas oitavas-de-finais. Nas quartas-de-finais derrotou o espanhol Antonio Rubio por desclassificação no segundo assalto, garantindo ao menos a medalha de bronze, confirmada pela derrota diante do queniano Philip Waruinge (2-3) na semifinal. Pérez derrotou o ugandense Odhiambo (5-0) na segunda rodada, o tcheco Karel Kaspar (5-0) nas oitavas-de-finais e o turco Eraslan Doruk nas quartas-de-finais, garantindo uma posição no pódio. Na semifinal, acabou derrotado pelo húngaro László Orbán (2-3), terminando com a medalha de bronze. Depois de conquistar 3 medalhas em Munique, a Colômbia não chegou ao pódio nas duas ediçõeso olímpicas seguintes, voltando a conquistar uma medalha, de prata, apenas nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, EUA. O autor do feito foi o atirador Helmut Bellingrodt, que ficou em segundo lugar na prova de alvo móvel, assim como fizera 12 anos antes em Munique. Bellingrodt marcou 584 pontos contra 587 do chinês Li Yuwei, terminando com a medalha de prata, à frente de outro chinês, Huang Shiping, que registrou 581 pontos. Bellingrodt foi muito beneficiado pelo boicote dos países do Bloco Socialista, que tirou da competição os poderosos atiradores da URSS, RDA e Hungria.Em 1988, em Seul, Coreia do Sul, a Colômbia novamente conquistou medalha no Boxe, uma de bronze, na categoria até 54 kg, com Jorge Julio Rocha, que soube tirar proveito da ausência do representante de Cuba. Rocha passou pelo filipino Hormillosa por nocaute técnico no terceiro assalto na primeira rodada. Depois bateu o portorriquenho Felix Nieves (5-0) na segunda rodada. Nas oitavas-de-finais, derrotou o alemão-oriental René Breitbarth (4-1) por pontos. Nas quartas-de-finais, travou um duro combate contra o japonês Katsuyoki Matsushima, vencendo-o por 3-2 e garantindo ao menos a medalha de bronze. Na semifinal, foi superado pelo búlgaro Aleksandar Khristov (2-3), resultado que confirmou sua medalha de bronze. Em 1992, em Barcelona, Espanha, a Colômbia obteve uma histórica medalha no Atletismo feminino quando Ximena Restrepo ficou na terceira posição na prova de 400m, com a marca de 49.64s, batendo a soviética Olga Nazarova por 0.05s. Perdeu apenas para as legendárias Marie-Jose Perec, da França, e Olga Bryzgina, da então Equipe Unificada, antiga URSS. Nazarova havia sido medalhista de bronze dos Jogos de 1988 em Seul, Coreia do Sul. Restrepo foi a primeira mulher a obter medalha olímpica para a Colômbia. Em 1996, em Atlanta, EUA, a Colômbia não obteve qualquer medalha, mas compensou a frustração quatro anos depois, em Sidney, Austrália, ao conquistar a primeira medalha de ouro olímpica de sua história. O feito coube à levantadora de peso María Isabel Urrutia, que somou 245 kg, sendo 110 kg no arranque e 135 kg no arremesso. Sua conquista foi dramática, já que a segunda colocada, a nigeriana Ruth Ogbeifo, e a terceira colocada, a chinesa de Taiwan, Kuo Yi-Hang, também ergueram um total de 245 kg. Porém, Urrutia pesou 73.28 kg contra 74.20 kg de Ogbeifo e 74.52 kg de Yi-Hang e pôde comemorar o fato de ser a primeira campeã olímpica da história de seu país. Em 2004, em Atenas, Grécia, a Colômbia obteve 2 medalhas de bronze, uma no Ciclismo e outra no Levantamento de Peso. A medalha do Ciclismo foi conquistada por María Luisa Calle na prova feminina de pontos. Calle marcou 12 pontos, contra 9 da norte-americana Erin Mirabella. Entretanto, Calle não passou no exame antidoping, que acusou a presença da substância heptaminol. A norte-americana Mirabella ficou com a medalha de bronze e Calle foi desclassificada. Porém, exames comprovaram que Calle tomou um medicamento, Neosaldina, para dor de cabeça. O mesmo possui uma substância que se transforma em heptaminol durante análises de laboratório. Em 24 de Outubro de 2005, o COI reverteu sua decisão e Calle recuperou sua medalha olímpica. A outra medalha, do Levantamento de Peso, foi obtida por Mabel Mosquera, que somou um total de 197,5 kg na categoria até 53 kg. Mosquera ergueu 87,5 kg no arranque e 110.0 kg no arremesso, ficando 10 kg à frente da romena Marioara Monteanu e da bielorrussa Nastassia Novikava. A campeã foi a tailandêsa Udomporn Polsak, com um total de 222,5 kg. Em 2008, em Beijing, China, a Colômbia melhorou um pouco seu desempenho em relação a 2004. Novamente somou 2 medalhas, mas 1 de prata e 1 de bronze. A medalha de prata foi obtida no Levantamento de Peso masculino, com Diego Salazar na divisão até 62 kg. Salazar ergueu 138 kg no arranque e 167 kg no arremesso, totalizando 305 kg, 14 a menos do que o chinês Zhang Xiangxiang. A medalha de bronze foi obtida na Luta Livre feminina, por Jackeline Rentería na categoria até 55 kg. Rentería bateu a tunisiana Marwa Amri nas oitavas-de-finais, a norte-americana Marcie Van Dusen, nas quartas-de-finais, mas perdeu para a chinesa Xu Li nas semifinais. Na disputa pela medalha de bronze, na repescagem, bateu a romena Ana Maria Paval e garantiu sua presença no pódio. Em 2012, em Londres, Reino Unido, a Colômbia registrou uma sensacional evolução ao conquistar um total de 8 medalhas, 1 de ouro, 3 de prata e 4 de bronze, ficando a apenas 3 medalhas do total que havia conquistado em toda sua história olímpica. Mais significativo ainda foi o fato das medalhas terem sido distribuídas entre nada menos do que 6 modalidades esportivas. O Ciclismo liderou a lista com 3 medalhas, uma de cada valor, enquanto o Atletismo e o Levantamento de Peso garantiram uma medalha de prata cada um e o Judô, a Luta Livre e o Taekwondo completaram o quadro de medalhas colombiano com uma medalha de bronze cada um. A ciclista Mariana Pajón foi a grande heroína da delegação ao conquistar a medalha de ouro da prova feminina de BMX, com a marca de 37.706s, superando a neozelandesa Sarah Walker por pouco mais de 0.4s. Pajón tornou-se a segunda pessoa a conquistar uma medalha de ouro para a Colômbia em Jogos Olímpicos, igualando o feito da pesista Maria Isabel Urrutia, campeã em 2000. A Colômbia ainda obteve mais duas medalhas no Ciclismo, uma de prata com Rigoberto Urán na prova masculina de estrada e uma de bronze com Carlos Oquendo na prova masculina de BMX. Urán marcou o mesmo tempo que o cazaque Alexander Vinokourov, medalhista de ouro em 5:45:57h. Oquendo registrou um resultado de 38.251s, ficando à frente do holandês Biezen por 0.241s. No Atletismo feminino, Caterine Ibargüen surpreendeu ao conquistar a medalha de prata na prova de salto triplo, com uma marca de 14.80m, sendo superada pela cazaque Olga Rypakova por 0.18m. Porém, conseguiu ficar à frente da ucraniana Olga Saladukha por apenas 0.01m. No Levantamento de Peso masculino, na categoria até 62 kg, Óscar Figueroa obteve a medalha de prata ao erguer um total de 317 kg, sendo 140 kg no arranque e 177 kg no arremesso. Foi superado pelo norte-coreano Kim Un-Guk por 10 kg e garantiu sua segunda colocação apenas no peso corpóreo, por pesar 13 g a menos do que o indonésio Irawan. No Judô, a Colômbia obteve a primeira medalha olímpica de sua história com Yuri Alvear, que ficou com a medalha de bronze na categoria feminina até 70 kg. Alvear superou a brasileira Maria Portela na primeira rodada, a angolana Moreira na segunda, mas acabou derrotada pela francesa Lucie Décosse nas quartas-de-finais. Na repescagem, bateu a eslovena Rasa Sraka e depois conquistou sua medalha de bronze diante da chinesa Chen Fei. No Taekwondo a Colômbia também obteve a primeira medalha olímpica de sua história quando Óscar Muñoz Oviedo ficou na terceira colocação na divisão masculina até 58 kg. Oviedo passou pelo argelino El-Yamine (8-1) na primeira rodada, depois bateu Al-Kubati, do Iêmen, nas quartas-de-finais (14-2). Na semifinal, perdeu para o espanhol Joel González (4-13). Na disputa pela medalha de bronze, derrotou o tailandês Pen-Ek Karaket (6-4). Na Luta Livre femininia, a Colômbia novamente obteve uma medalha de bronze. Jackeline Rentería ficou em terceiro lugar na categoria até 55 kg, repetindo a colocação obtida nos Jogos Olímpicos de 2008, em Beijing, China. Rentería derrotou a norte-coreana Kum-Ok nas oitavas-de-finais (2-1) e a equatoriana Lissette Antes (2-1) nas quartas-de-finais, mas perdeu para a canadense Tonya Verbeek (0-2) na semifinal. Na disputa pela medalha de bronze, superou a ucraniana Tetyana Lazareva por 2-1, depois de perder o primeiro assalto. A Colômbia experimentou uma fantástica evolução e ainda conseguiu ampliar o número de esportes em que obteve medalha, demonstrando uma grande versatilidade, principalmente com medalhas inéditas no Taekwondo e no Judô, esportes de combate que propciam muitas conquistas. Além disso, o que também é positivo no desempenho do país é o fato das mulheres ocuparem um papel de destaque, haja vista as duas únicas medalhas olímpicas de ouro da história da Colômbia terem sido obtidas nas disputas femininas. Se conseguir manter o nível a que chegou, o país poderá ultrapassar vários outros países no quadro geral de medalhas a médio prazo.       






 




 

 



terça-feira, 18 de junho de 2013

TRINIDAD E TOBAGO - ANÁLISE














Trinidad e Tobago é um país de cerca de 1,35 milhão de habitantes, localizado na América Central, formado por duas ilhas principais, nove regiões e vários acidentes geográficos. Tornou-se independente do Reino unido em 31 de Agosto de 1962 e proclamou sua República em 01 de Agosto de 1976. O país participou dos Jogos Olímpicos antes mesmo de se tornar independente, já em 1948, em Londres, Reino Unido. Seu Comitê Olímpico Nacional foi formado em 1946. Esteve ausente apenas na edição de 1960, quando formou as Índias Ocidentais Britânicas juntamente com Jamaica e Barbados. Nos Jogos de Inverno estreiou em 1994, em Lillehammer, Noruega, mas participou somente de mais duas edições, em 1998 e 2002, ausentando-se das demais. Desde sua primeira participação olímpica em 1948 até os dias atuais, Trinidad e Tobago acumulou um total de 18 medalhas olímpicas, 2 de ouro, 5 de prata e 11 de bronze. A maioria delas, na verdade 14, foram obtidas no Atletismo, confirmando a tradição dos países da região na modalidade. Trinidad e Tobago seguiu o modelo jamaicano, depois adotado por Bahamas. Entretanto, as primeiras medalhas do país ocorreram, surpreendentemente, no Levantamento de Peso. Em 1948, em Londres, Reino Unido, Trinidad e Tobago estreiou nos Jogos Olímpicos e já conquistou a primeira medalha de sua história quando Rodney Wilkins ficou em segundo lugar na categoria até 60 kg no Levantamento de Peso. Wilkins ergueu um total de 317,5 kg, sendo 97,5 no arranque e no desenvolvimento e 122,5 kg no arremesso, sendo superado apenas pelo egípcio Mahmoud Fayad, que totalizou 332,5 kg. Em 1952, em Helsinque, Finlândia, Trinidad e Tobago obteve 2 medalhas de bronze, ambas no Levantamento de Peso, que novamente era responsável por levar o país ao pódio. As medalhas foram conquistadas por Rodney Wilkins, na categoria até 60 kg, e Lennox Kilgour, na categoria até 90 kg. Wilkins ergueu um total de 322,5 kg, sendo 100,0 kg no desenvolvimento e no arranque e 122,5 kg no arremesso, sendo superado pelos soviéticos Nikolay Saksonov (332,5 kg) e Rafael Tchimishkyan (337,5 kg). Kilgour somou 402,5 kg, com levantamentos de 125,0 kg no desenvolvimento, 120,0 kg no arranque e 157,5 no arremesso, sendo superado pelo soviético Grigori Novak (410,0 kg) e pelo norte-americano Norbert Schemansky (445,0 kg). Portanto, as primeiras medalhas olímpicas da história de Trinidad e Tobago ocorreram no Levantamento de Peso. Em 1956 o país não obteve medalha e em 1960 juntou força com Jamaica e Barbados e competiu sob a bandeira das Índias Ocidentais Britânicas. Porém, a união não deu certo e Trinidad e Tobago voltou a participar dos Jogos Olímpicos como país independente já em 1964, em Tóquio, Japão. Na ocasião, registrou o melhor desempenho de sua história até então, com um total de 3 medalhas, 1 de prata e 2 de bronze. Além disso, iniciou sua boa tradição nas provas de Atletismo, modalidade na qual conquistou todas as suas 3 medalhas. Wendell Mottley foi um dos grandes destaques da delegação ao conquistar a medalha de prata na prova masculina de 400m, com a marca de 45.2s, apenas 0.1s atrás do norte-americano Michael Larrabee. Edwin Roberts, por sua vez, ficou em terceiro lugar na prova masculina de 200m, com um resultado de 20.6s, perdendo para os norte-americanos Henry Carr, campeão com 20.3s, e Paul Drayton, prata com 20.5s. Além das medalhas individuais, Trinidad e Tobago obteve uma heroica medalha de bronze na prova masculina de revezamento 4x400m. A equipe formada por Edwin Skinner, Kent Bernard, Edwin Roberts e Wendell Mottley registrou a marca de 3:01.7 min, sendo superada apenas pelos EUA, ouro em 3:00.7 min, e pelo Reino Unido, prata em 3:01.6 min, e ficando à frente da poderosa Jamaica, quarta colocada em 3:02.3 min. Mottley e Roberts saíram dos Jogos com 2 medalhas olímpicas. Depois destas conquistas, Trinidad e Tobago novamente passou por um período sem medalhas, ficando fora do pódio nos Jogos de 1968 e 1972. Porém, em 1976, em Montreal, Canadá, Trinidad e Tobago fez história ao conquistar sua primeira medalha olímpica de ouro. Melhor ainda, a conquista ocorreu no Atletismo e simplesmente na prova masculina de 100m rasos. Hasely Crawford, que havia se machucado na final de 1972, venceu a corrida final em 10.06s, batendo o jamaicano Donald Quarrie, medalhista de prata, por apenas 0.02s, e o soviético Valeriy Borzov, o campeão de 1972, por 0.08s. Curiosamente, nenhum norte-americano chegou ao pódio na prova. Crawford tornou-se o primeiro medalhista olímpico de ouro de Trinidad e Tobago na história dos Jogos. Após esta memorável conquista, Trinidad e Tobago passou por mais um período sem chegar ao pódio olímpico, mesmo com a ajuda dos boicotes olímpicos. O país ficou fora do pódio de 1980 a 1992, retornando somente em 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos EUA. Na edição do Centenário, Trinidad e Tobago obteve 2 medalhas de bronze no Atletismo masculino, ambas com o velocista Ato Boldon, que ficou na terceira posição nas provas de 100m e de 200m rasos. Na prova de 100m, Boldon registrou a marca de 9.90s, sendo superado pelo canadense Donovan Bailey, campeão com 9.84s, e pelo namíbio Frankie Fredericks, prata em 9.89s. Na disputa de 200m, Boldon registrou o excelente tempo de 19.80s, mas não foi páreo para o norte-americano Michael Johnson, que assombrou o mundo com um resultado de 19.32s. Boldon também ficou atrás de Frankie Fredericks, prata em 19.68s. No ano 2000, em Sidney, Austrália, Trinidad e Tobago novamente somou 2 medalhas, uma de prata e uma de bronze, ambas no Atletismo, novamente com Ato Boldon nas provas de 100m e 200m. Na prova de 100m, Boldon ficou com a medalha de prata, com a marca de 9.99s, perdendo para o norte-americano Maurice Greene, campeão em 9.87s. Na disputa de 200m, Boldon era favorito à conquista da medalha de ouro, mas acabou surpreendido pelo grego Konstantinos Kenteris, que registrou o fraco tempo de 20.09s, e pelo britânico Darren Campbell, prata com um resultado de 20.14s. Boldon marcou apenas 20.20s. Ainda assim, Boldon se tornou o maior medalhista da história olímpica de Trinidad e Tobago, com um total de 4 medalhas, 1 de prata e 3 de bronze. Em 2004, em Atenas, Grécia, Trinidad e Tobago teve uma fraca atuação ao conquistar apenas uma medalha de bronze. Entretanto, incrivelmente, a medalha não foi obtida no Atletismo, mas sim na Natação masculina. George Bovell fez história ao ficar em terceiro lugar na prova de 200m, estilo medley, com a marca de 1:58.80 min, ficando atrás apenas dos fenomenais norte-americanos Michael Phelps, campeão em 1:57.14 min, e Ryan Lochte, prata em 1:58.78 min, mas à frente do húngaro László Cseh por apenas 0.04s. Bovell colocou Trinidad e Tobago na lista de países medalhistas olímpicos na Natação. Foi um momento histórico para o país, acostumado com os sucessos do Atletismo. Em 2008, em Beijing, China, o país obteve uma campanha melhor, conquistando 2 medalhas de prata, ambas no Atletismo masculino. Richard Thompson ficou em segundo lugar na prova de 100m rasos com a marca de 9.89s, ficando atrás apenas do fenomenal jamaicano Usain Bolt, campeão com o recorde mundial de 9.69s. Thompson, inclusive, superou o norte-americano Walter Dix por 0.02s. O mesmo Thompson, ao lado de Keston Bledman, Marc Burns, Emmanuel Callender e do reserva Aaron Armstrong, ajudou Trinidad e Tobago a conquistar a medalha de prata no revezamento 4x100m, com um resultado de 38.06s, muito distante da campeã Jamaica, que marcou 37.10s. Porém, à frente do Japão, bronze, por 0.09s. Em 2012, em Londres, Reino Unido, Trinidad e Tobago registrou o melhor desempenho de sua história ao conquistar um total de 4 medalhas, 1 de ouro e 3 de prata, todas no Atletismo masculino. Incrivelmente, a medalha de ouro foi obtida por Keshorn Walcott, que registrou a fraca marca de 84.58m, apenas 0.07m à frente do ucraniano Oleksandr Pyatnytsya, medalhista de prata. Sua conquista foi surpreendente, principalmente pelo fato do tcheco Vitezslav Vesely ter alcançado um resultado de 88.34m na fase de classificação, mas se limitado a 83.34m na final. Walcott quebrou todos os tabus imagináveis e colocou um país da América Central no pódio de uma prova geralmente dominada por europeus. Além disso, ampliou o campo de ação de seu país, antigamente limitado apenas às provas de velocidade. Já Lalonde Gordon também surpreendeu ao ficar em terceiro lugar na prova de 400m, com um resultado de 44.52s. Curiosamente, a final não contou com a participação de qualquer corredor dos EUA, que não perdiam a prova desde 1984. Gordon superou Chris Brown, das Bahamas, por 0.27s. As outras duas medalhas de bronze foram obtidas nos revezamentos 4x100m e 4x400m. No primeiro, a equipe formada por Keston Bledman, Marc Burns, Emmanuel Callender e Richard Thompson registrou o tempo de 38.12s, batendo a França por somente 0.04s. EUA e Jamaica ficaram mais de um segundo à frente. No segundo, a equipe formada por Lalonde Gordon, Jarrin Solomon, Ade Alleyne-Forte e Deon Lendore cumpriu a prova em 2:59.40 min, batendo o Reino Unido por apenas 0.13s, mas ficando atrás de Bahamas, ouro, e EUA, prata, por mais de 2 segundos. Trinidad e Tobago vem demonstrando uma razoável evolução esportiva, comandada pelos sucessos do Atletismo. Se mantiver o atual ritmo de estar presente no pódio olímpico, sua evolução será inevitável. Desde 1996 o país vem conquistando medalhas, após ter ficado 20 anos longe do pódio. Resta saber se o país conseguirá levar esta evolução ao seu esporte feminino, o que potencializaria uma maior evolução dentro do quadro geral de medalhas. Incrivelmente, as mulheres do país ainda não conseguiram atingir o pódio olímpico.    


















domingo, 9 de junho de 2013

ARGÉLIA - ANÁLISE








A Argélia é um país localizado no norte da África, com população de aproximadamente 37 milhões de habitantes. Tornou-se independente da França em 1962 e participou dos Jogos Olímpicos pela primeira vez em 1964, em Tóquio, Japão, na edição de verão. Desde então esteve ausente apenas em 1976, quando apoiou o boicote dos países da África negra aos Jogos de Montreal, no Canadá, em protesto contra a participação da Nova Zelândia, que havia realizado jogos de Rugby com a segregacionista África do Sul. Nos Jogos de Inverno, iniciou sua participação em 1992, mas esteve ausente de 1994 a 2002, retornando aos mesmos em 2006. Embora tenha participado dos Jogos Olímpicos desde sua independência, a Argélia demorou muito tempo para conquistar suas primeiras medalhas. De 1964 a 1980, o país não conseguiu chegar ao pódio em nenhuma ocasião. Em 1984, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, EUA, a Argélia finalmente conquistou suas primeiras medalhas, favorecidíssima pelo boicote dos países do Bloco Socialista. As medalhas, duas de bronze, foram obtidas no desfalcado torneio de Boxe, que não contou com potências como Cuba, União Soviética, Alemanha Oriental e Bulgária, além de outros países que também certamente chegariam ao pódio. Os pugilistas que colocaram a Argélia pela primeira vez na história em um pódio olímpico foram Mohamed Zaoui, na categoria até 75 kg, e Mustapha Moussa, na divisão até 81 kg. Zaoui derrotou T.Monne, de Lesotom por nocaute técnico nas oitavas-de-finais, depois passou por M.Mwaba, de Zâmbia, por pontos (4-1) nas quartas-de-finais, garantindo a medalha de bronze, confirmada após perder para o norte-americano Virgil Hill nas semifinais por 0-5.  Moussa, por sua vez, derrotou D. thadzi, do Malawi, por pontos (5-0) nas oitavas-de-finais, depois passou pelo britânico A. Wilson nas quartas-de-finais, por pontos (5-0), após o resultado do combate ter sido modificado, já que havia perdido por 2-3. Assim, Moussa garantiu a medalha de bronze, confirmada depois de sofrer uma derrota por 0-5 para o iugoslavo Anton Josipovic na semifinal. Zaoui e Moussa foram os primeiros medalhistas da história olímpica da Argélia. Em 1988, em Seul, Coreia do Sul, sem um grande boicote, a Argélia não conseguiu chegar ao pódio. Porém, em 1992, em Barcelona, Espanha, a Argélia finalmente conquistou suas medalhas sem a dependência de causas externas, como o boicote de 1984. O país obteve 2 medalhas, uma de ouro, no Atletismo feminino, e uma de bronze, no Boxe. Hassiba Boulmerka venceu a prova feminina de 1500m no Atletismo com a fantástica marca de 3:55.30 min, derrotando a soviética Lyudmila Rogatchova por 1.61s. Boulmerka simplesmente revolucionou o esporte de seu país muçulmano, que não incentivava a participação de mulheres no esporte. Ela teve que correr com calção largo e comprido. Sua vitória iniciou uma forte tradição da Argélia nas provas de 1.500m, tanto na masculina quanto na feminina. Boulmerka tornou-se a primeira pessoa campeã olímpica defendendo a representação da Argélia. A outra medalha argelina foi conquistada pelo pugilista Hocine Soltani, terceiro colocado na categoria peso pena, até 57 kg. Soltani derrotou o argentino Jorge Maglione, por nocaute técnico, no primeiro assalto da primeira fase. Nas oitavas-de-finais, bateu o porto-riquenho Carlos Gerena por 23-0. Nas quartas-de-finais, garantiu a medalha de bronze ao superar o dominicano Victoriano Damian por pontos (13-4). Na semifinal, acabou derrotado pelo alemão Andreas Tews por 11-1, limitando-se à medalha de bronze. Em 1996, em Atlanta, EUA, a Argélia novamente melhorou seu desempenho olímpico ao conquistar 3 medalhas, 2 de ouro e 1 de bronze. O Atletismo foi responsável por uma medalha de ouro enquanto o Boxe respondeu pela outra medalha de ouro e por uma de bronze. No Atletismo, Noureddine Morceli venceu de forma brilhante a prova masculina de 1500m com a marca de 3:35.78 min, superando o espanhol Fermin Cacho, campeão olímpico em 1992, por 0.62s. Morceli deu continuidade ao sucesso iniciado pela compatriota Hassiba Boulmerka, campeã em 1992, na prova de 1.500m. No Boxe, a Argélia retornou ao país em que obteve suas primeiras medalhas. Mas desta vez não precisou da ajuda de qualquer boicote para novamente obter 2 medalhas, uma de ouro e uma de bronze. A medalha de ouro foi conquistada por Hocine Soultani, na categoria até 60 kg. Soltani superou o turco Issever (14-2) na primeira rodada, o brasileiro Agnaldo Nunes (11-1) nas oitavas-de-finais e garantiu ao menos a medalha de bronze ao derrotar o sul-coreano Eun-Chui Shin (16-10) nas quartas-de-finais. Na semifinal, bateu o romeno Leonard Doroftei por 9-6, garantindo presença na grande final, onde encarou um duríssimo combate contra o búlgaro Tontcho Tontchev, que foi decidido a seu favor pela arbitragem após um empate em 3-3. Assim, Soltani tornou-se o primeiro campeão olímpico da Argélia no Boxe. A medalha de bronze foi conquistada por Mohamed Bahari, na categoria até 75 kg. Bahari derrotou M.Thomas, de Barbados, por nocaute técnico no segundo assalto na primeira rodada. Nas oitavas-de-finais, passou pelo georgiano Akaki Kakauridze por pontos (8-5). Nas quartas-de-finais, derrotou o irlandês Brian Magee, também por pontos (15-9) e garantiu ao menos a medalha de bronze, confirmada após perder a semifinal para o turco Malik Beyleroglu na decisão dos jurados, após um empate em 11-11. Na década de 90 do século passado, portanto, a Argélia já havia apresentado uma grande evolução e conquistado nada menos do que 5 medalhas. Em 2000, nos Jogos Olímpicos de Sidney, na Austrália, a Argélia regsitrou sua melhor participação olímpica ao conquistar um total de 5 medalhas, embora apenas uma de ouro. O Atletismo foi responsável por nada menos do que 4 delas, inclusive a de ouro, enquanto o Boxe somou a outra de bronze. No Atletismo a medalha de ouro foi conquistada na prova feminina de 1.500m, vencida por Nouria Mérah-Benida em 4:05.10 min, numa chegada arrebatadora. A medalhista de prata, a romena Violeta Szekely, chegou apenas 0.05s atrás. Mérah-Benida repetiu o feito de Hassiba Boulmerka, campeã em 1992. Já os homens argelinos foram responsáveis pelas outras 3 medalhas. Djabir Saïd-Guerni ficou em terceiro lugar na prova de 800m, com a marca de 1:45.16 min, perdendo para o campeão Nils Schumann, da Alemanha, por apenas 0.08s. Na prova de 5.000m, Ali Saïdi-Sief conquistou a medalha de prata com a fraca marca de 13:36.20 min, ficando atrás apenas do etíope Million Wolde, 0.71s mais rápido. Nas provas de campo, Abderrahmane Hammad causou surpresa ao ficar com a medalha de bronze na prova de salto em altura, com a boa marca de 2.32m. Hammad foi um dos 6 competidores que terminaram com a mesma marca, mas em virtude do número de tentativas ficou à frente de outros 4, dentre eles o sueco Stefan Holm, futuro campeão em 2004, mas atrás do cubano Javier Sotomayor. No Boxe, Mohamed Allalou obteve a medalha de bronze na divisão até 63.5 kg. Na primeira rodada, derrotou o tcheco Konecný por pontos (17-9). Nas oitavas-de-finais, superou o ganês Ben Neequaye também por pontos (15-6). Nas quartas-de-finais, arrasou o italiano Sven Paris (22-8), garantindo a medalha de bronze. Allalou não conseguiu seguir adiante e perdeu a semifinal por nocaute técnico para o uzbeque Mahammatkodir Abdullaev, o futuro campeão olímpico. Após uma boa evolução olímpica de 1992 a 2000, a Argélia sofreu um grande retrocesso nas edições seguintes. Em 2004, em Atenas, Grécia, não conseguiu chegar ao pódio em nenhuma modalidade esportiva. Em 2008, em Beijing, China, obteve 2 medalhas, uma de prata e uma de bronze, porém não foi nas modalidades de costume, como Boxe e Atletismo, mas sim no Judô. A medalha de prata foi conquistada no torneio masculino por Amar Benikhlef na categoria até 90kg. Benikhlef derrotou Alexis Chiclana, de Porto Rico, na primeira rodada, o espanhol David Alarza, nas oitavas-de-finais, o suíço Sergei Aschwanden, nas quartas-de-finais, e o francês Yves-Matthieu Dafreville na semifinal. Na final, acabou derrotado pelo georgiano Irakli Tsirekidze. Já a medalha de bronze foi conquistada por Soraya Haddad, na categoria feminina até 52 kg. Haddad derrotou Marie Muller, de Luxemburgo, na primeira rodada, Hortense Diedhiou, do Senegal, nas oitavas-de-finais, e a sul-coreana Kim Kyungok nas quartas-de-finais. Na semifinal, acabou derrotada pela chinesa Xian Dongmei, a futura campeã. Na disputa pela medalha de bronze, Haddad superou a cazaque Sholpan Kaliyeva. Haddad e Benikhlef ampliaram as possibilidades de pódio da Argélia, antes limitada ao Boxe e ao Atletismo. Em 2012, nos Jogos Olímpicos de Londres, a Argélia voltou a conquistar a medalha de ouro olímpica. O feito coube a Taoufik Makhloufi na prova masculina de 1.500m no Atletismo. Makhloufi registrou a marca de 3:34.08 min, superando o norte-americano Leonel Manzano, prata, por 0,71s. A prova foi totalmente atípica, pois os favoritos quenianos Silas Kiplagat, Nixon Chepseba e Asbel Kiprop, candidatos ao domínio integral do pódio, não encontram seus rítmos e acabaram longe do pódio. Makhloufi repetiu o feito de Noureddine Morceli, campeão em 1996. Porém, a Argélia ficou limitada apenas à medalha de Makhloufi, ficando fora do pódio nas demais provas e modalidades. O país segue em evolução, mas precisa ampliar o leque de esportes em que obtém medalha. Contudo, não se pode ignorar o fato da Argélia ter evoluído significativamente a partir dos anos 90 do século passado. Além disso, é um país cuja participação feminina possui bastante relevância, haja vista as limitações impostas pelas sociedades muçulmanas às suas mulheres. É curioso notar como a prova de 1.500m se incorporou à identidade esportiva do país, estabelecendo, pelo menos em termos de resultados, uma inimaginável igualdade entre homens e mulheres.