Os Jogos Olímpicos de 1912, os quintos da Olimpíada, foram sediados em Estocolmo, Suécia. Dentre os vários aspectos que apresentaram, os mais destacáveis foram: a excelente organização; a presença de nações subjugadas buscando identidade própria; a interferência sueca no programa de esportes; a combinação de arte e esporte; os destacáveis avanços tecnológicos; a maior participação feminina; a questão do profissionalismo; e a satisfação do Barão de Coubertin por finalmente ter conseguido assistir aos Jogos Olímpicos com os quais sonhava.
A escolha unânime da cidade sueca ocorreu na décima sessão do Comitê Olímpico Internacional, celebrada do dia 27 de Maio a 02 de Junho de 1909, em Berlim, Alemanha. Finalmente os Jogos iriam se realizar sem concorrer com qualquer Exposição, diferentemente do que ocorrera nas edições de 1900, 1904 e 1908. Como observa Fauria (1968), de 1908 a 1912 o movimento olímpico se consolidou, tornou-se mais forte e formou seus regulamentos. Ao mesmo tempo muitos países formaram seus Comitês Olímpicos Nacionais, fato de grande importância para todo o Movimento pois, a partir de um comitê interno, os países passaram a contar com um organismo próprio para implementar e ampliar o olimpismo em seus territórios.
A escolha unânime da cidade sueca ocorreu na décima sessão do Comitê Olímpico Internacional, celebrada do dia 27 de Maio a 02 de Junho de 1909, em Berlim, Alemanha. Finalmente os Jogos iriam se realizar sem concorrer com qualquer Exposição, diferentemente do que ocorrera nas edições de 1900, 1904 e 1908. Como observa Fauria (1968), de 1908 a 1912 o movimento olímpico se consolidou, tornou-se mais forte e formou seus regulamentos. Ao mesmo tempo muitos países formaram seus Comitês Olímpicos Nacionais, fato de grande importância para todo o Movimento pois, a partir de um comitê interno, os países passaram a contar com um organismo próprio para implementar e ampliar o olimpismo em seus territórios.
Os suecos apresentaram uma excelente organização. Preparam o evento com razoável antecedência, desde a escolha da cidade de Estocolmo em 1909. A Suécia era um grande país esportivo e há mais de um século seguia as regras de Ling, um dos grandes percussores do esporte moderno e que legou a ginástica sueca à humanidade (FAURIA, 1968). A experiência dos suecos com o esporte parece ter sido um fator decisivo para o sucesso dos Jogos. Wallechinsky (2004, p.7) complementa: "Realizados em Estocolmo, as Olimpíadas de 1912 foram um modelo de eficiência e estabeleceram o padrão de organização para as décadas seguintes".
Na época em que foram disputados os Jogos de Estocolmo havia certa tensão entre os países. Os finlandeses estavam sob jugo dos russos e clamavam por uma participação independente nos Jogos. O mesmo ocorria com os tchecos e húngaros em relação ao império austro-húngaro. Fauria (1968, p.102) comenta a situação dos finlandeses, estendendo-a aos húngaros e tchecos:
Já em 1908 seus atletas desfilaram sem bandeira, e desta vez terão que suportar que junto à sua suba pelo mastro de honra a russa. Igual concessão se faz ao império austro-húngaro sobre a participação de tchecos e húngaros
A Finlândia somente conseguiu sua independência em relação à Rússia em 1917, aproveitando-se da Revolução Russa, e só teve sua república proclamada em 1919, depois de uma guerra civil vencida pelo grupo dos "brancos" contra os "vermelhos". O primeiro grupo contou com o apoio dos alemães, enquanto o segundo era apoiado pelos bolcheviques (ALMANAQUE ABRIL, 1997). Em 1867, Áustria e Hungria se tornaram Estados Autônomos, mas com um soberano comum. Eram internamente soberanos mas vinculados na política, nas finanças e no militarismo nas suas relações externas. Os conflitos da Primeira Guerra Mundial dissolveram o império austro-húngaro e provocaram o reconhecimento da independência da Hungria, Tchecoslováquia, Polônia e Iugoslávia (ALMANAQUE ABRIL, 1997). Convém lembrar que os tchecos participavam dos Jogos como representantes da Boêmia. Esta simples exposição das questões políticas entre os países já demonstra o quanto eram complicadas as relações entre eles. Fauria (1968) lembra que o Barão de Coubertin entendia que os Jogos Olímpicos eram reservados às Nações e que as mesmas não significavam um país independente, havendo a possibilidade das geografias esportiva e política diferirem entre si. Assim, apesar de subjugados, Hungria e Finlândia sempre tiveram seus resultados reconhecidos de forma independente.
Já em 1908 seus atletas desfilaram sem bandeira, e desta vez terão que suportar que junto à sua suba pelo mastro de honra a russa. Igual concessão se faz ao império austro-húngaro sobre a participação de tchecos e húngaros
A Finlândia somente conseguiu sua independência em relação à Rússia em 1917, aproveitando-se da Revolução Russa, e só teve sua república proclamada em 1919, depois de uma guerra civil vencida pelo grupo dos "brancos" contra os "vermelhos". O primeiro grupo contou com o apoio dos alemães, enquanto o segundo era apoiado pelos bolcheviques (ALMANAQUE ABRIL, 1997). Em 1867, Áustria e Hungria se tornaram Estados Autônomos, mas com um soberano comum. Eram internamente soberanos mas vinculados na política, nas finanças e no militarismo nas suas relações externas. Os conflitos da Primeira Guerra Mundial dissolveram o império austro-húngaro e provocaram o reconhecimento da independência da Hungria, Tchecoslováquia, Polônia e Iugoslávia (ALMANAQUE ABRIL, 1997). Convém lembrar que os tchecos participavam dos Jogos como representantes da Boêmia. Esta simples exposição das questões políticas entre os países já demonstra o quanto eram complicadas as relações entre eles. Fauria (1968) lembra que o Barão de Coubertin entendia que os Jogos Olímpicos eram reservados às Nações e que as mesmas não significavam um país independente, havendo a possibilidade das geografias esportiva e política diferirem entre si. Assim, apesar de subjugados, Hungria e Finlândia sempre tiveram seus resultados reconhecidos de forma independente.
O programa de esportes foi muito debatido de 1908 a 1912. Segundo Kelly (1972), os suecos haviam proposto ao Comitê Olímpico Internacional um programa mais simples, limitando o número de modalidades esportivas a 18, contrastando com as 26 disputadas quatro anos antes em Londres. O Boxe foi suprimido por ser um esporte proibido na Suécia, naquela época, e por ser motivo de escândalos (FAURIA, 1968). Wallechinsky (2004, p.7) comenta o efeito da proibição sueca no futuro dos Jogos: "...Após os Jogos, o Comitê Olímpico Internacional decidiu limitar o poder das nações anfitriãs em decidir o programa olímpico". Entretanto, o Barão de Coubertin conseguiu influenciar o Comitê Organizador dos Jogos a incluir o Pentatlo Moderno e os concursos de Arte nos Jogos. Fauria assim expõe (1968, p.103): "...Conseguiu suas vitórias com a inclusão dos concursos de arte e de pentatlo moderno, que com tanto afinco perseguiu".
As mulheres obtiveram um espaço maior nos Jogos, com sua admissão na Natação e nos Saltos Ornamentais, apesar da constante e ostensiva oposição do Barão de Coubertin. Fauria (1968, p. 103) cita as idéias do Barão sobre as mulheres: "Uma Olimpíada feminina seria pouco prática, aburrida, antiestética e incorreta. Para elas, a graça, as sombrilhas, os vapores, o repouso e os encantadores filhinhos; para os homens as competições esportivas". Felizmente as mulheres vêm aumentando cada vez mais sua bem sucedida participação nos Jogos Olímpicos. A evolução foi muito lenta, mas atualmente elas competem praticamente no mesmo número de modalidades esportivas que os homens.
O aspecto tecnológico ganhou grande destaque. Wallechinsky (2004) aponta duas grandes inovações: o uso não-oficial de cronômetro eletrônico para os eventos de pista no Atletismo e a primeira utilização de um sistema público de comunicação, qual seja, o placar eletrônico. Kieran, Daley e Jordan (1977) afirmam que o sistema eletrônico de cronometragem registrava até um décimo de segundo e que funcionou bem durante os Jogos. Keith (1988) acrescenta que também houve a utilização da câmera de photo-finish para determinar que atleta chegou na frente em provas de corrida. Greenberg (1987, p.18) escreveu: "Várias inovações incluíram o primeiro uso do cronômetro eletrônico e do equipamento de photo-finish para as provas de corrida". Os avanços conseguidos pelos suecos melhoraram sensivelmente o nível técnico das provas, dando aos árbitros uma maior certeza quanto aos resultados, fato que também agradou aos atletas, que ficaram menos sujeitos às incertezas das decisões dos árbitros. Outra inovação dos organizadores dos Jogos de Estocolmo foi a primeira elaboração de um cartaz oficial de divulgação do evento, o famoso pôster, novidade que passou a integrar as edições olímpicas posteriores (FERNANDES, 1987).
Os Jogos Olímpicos de Estocolmo foram inaugurados em 05 de Maio e encerrados em 22 de Julho de 1912. Entretanto, as cerimônias oficiais de abertura e de encerramento ocorreram respectivamente nos dias 6 e 15 de Julho. Um total de 2.547 atletas, incluindo 57 mulheres, representou 28 países e competiu em 102 provas, distribuídas num conjunto de 16 modalidades esportivas (KAISER, 2000).
O nível das competições esportivas foi excelente. Giller (1984, p.105) observa: "recordes olímpicos tombaram em cada evento e não houve nenhuma das contrariedades e chauvinismo que ameaçaram rachar os Jogos de Londres". Entretanto, dois incidentes acabaram repercutindo nos Jogos de 1912. Um deles foi a morte do português Francisco Lázaro, um carpinteiro de 23 anos de idade, que correu a prova de Maratona mas que foi vitimado pela insolação. Apesar de transportado para um hospital, acabou falecendo. Lázaro foi o primeiro atleta da Era Moderna a falecer nos Jogos Olímpicos. Depois dele, somente mais um atleta encontrou a tragédia nos Jogos, o ciclista Knut Jensen em 1960, em Roma, Itália. Sobre Lázaro, Fernandes (1987, p.44) escreveu: "...Seria a sua última corrida, e o desporto, que terá de ser encarado como sinônimo de vida, viu o seu significado traído". Kelly (1972) lembra que a prova de maratona foi disputada sob forte calor e que somente 35 dos 68 atletas que a iniciaram conseguiram completá-la.
A questão do amadorismo provocou o segundo incidente dos Jogos, porém meses depois de seu término. O norte-americano James Thorpe venceu as competições de Pentatlo e de Decatlo por larga margem de pontos em relação aos rivais. Entretanto, seis meses depois, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos informou ao Comitê Olímpico Internacional que estava mandando Thorpe devolver suas medalhas porque ele havia jogado beisebol profissionalmente numa liga menor dos EUA. Na verdade, ele ignorava as regras amadoras da época e a quantia envolvida era muito pequena. Greenberg (1987) lembra que as medalhas de Thorpe lhes foram tomadas e suas performances removidas dos anais olímpicos. Thorpe morreu em 1953 e a União Atlética Americana, posteriormente, devolveu-lhe sua condição de amador. Porém, somente em Outubro de 1982 Thorpe foi perdoado pelo Comitê Olímpico Internacional e as suas medalhas foram devolvidas à sua família. Giller (1984, p.105) descreve a política da época: "O Comitê Olímpico Internacional estava impetuoso em sua interpretação do código amador, e suas estritas regulamentações ocasionaram um dos mais tristes acontecimentos da história dos Jogos". Thorpe havia empolgado o Rei Gustav da Suécia, que o denominou como "o maior atleta do planeta". A questão do amadorismo e profissionalismo sempre foi controvertida dentro do Movimento Olímpico, ocasionando muitas injustiças no decorrer dos anos. Muitos países, independentemente de capitalistas ou socialistas, sempre encontraram formas de burlar as ambíguas restrições através da concessão de bolsas de estudo e do registro em outras profissões aos seus atletas.
Toomey e King (1988) apontam que os Jogos de Estocolmo atingiram o ideal que Coubertin objetivava para os Jogos Olímpicos. As disputas e as decisões controversas que ocasionaram sentimentos nacionalistas quatro anos em Londres estiveram ausentes na Suécia. Sua perfeita condução foi positiva e serviram como um marco para o Movimento Olímpico, que sem os mesmos poderia ter sucumbido à calamidade da Primeira Guerra Mundial.
Arnold (1984) segue o mesmo raciocínio, afirmando que o evento de Estocolmo demonstrou claramente que as nações poderiam ser amigas, e foi a lembrança do mesmo que ajudou o Movimento Olímpico a se restabelecer com tanto sucesso após a sangrenta Primeira Guerra Mundial. Schaap (1967, p.128 e 129) enfatiza:
(...) os Jogos de Estocolmo garantiram a permanência das Olimpíadas; eles foram estritamente bem sucedidos em cada aspecto...Os Jogos suecos foram tão bem sucedidos que mesmo após o destruidor impacto da Primeira Guerra Mundial, que eliminou a competição de 1916, as Olimpíadas sobreviveram e ressurgiram em 1920
Os Jogos de 1912 podem ser resumidos às palavras organização, eficiência, competência, sucesso e modelo. Convém encerrar os comentários sobre os Jogos de 1912 com as palavras do Barão de Coubertin, escritas em suas memórias e transcritas por Fauria (1968, p.103):
Embora em Londres a vida da enorme metrópole permaneceu separada por completo da influência do olimpismo, toda Estocolmo estava impregnada do mesmo. A cidade inteira participava no esforço em honra dos estrangeiros, apresentando como uma visão do que deve ter sido, nos tempos antigos, a atmosfera de Olímpia, mas uma visão engrandecida e embelezada pela presença de todas as facilidades e avanços modernos, que aqui não só não se chocaram entre si, senão que se conjugavam, de sorte que o Helenismo e o Progresso pareciam associar-se agora para receber conjuntamente aquela homenagem
(...) os Jogos de Estocolmo garantiram a permanência das Olimpíadas; eles foram estritamente bem sucedidos em cada aspecto...Os Jogos suecos foram tão bem sucedidos que mesmo após o destruidor impacto da Primeira Guerra Mundial, que eliminou a competição de 1916, as Olimpíadas sobreviveram e ressurgiram em 1920
Os Jogos de 1912 podem ser resumidos às palavras organização, eficiência, competência, sucesso e modelo. Convém encerrar os comentários sobre os Jogos de 1912 com as palavras do Barão de Coubertin, escritas em suas memórias e transcritas por Fauria (1968, p.103):
Embora em Londres a vida da enorme metrópole permaneceu separada por completo da influência do olimpismo, toda Estocolmo estava impregnada do mesmo. A cidade inteira participava no esforço em honra dos estrangeiros, apresentando como uma visão do que deve ter sido, nos tempos antigos, a atmosfera de Olímpia, mas uma visão engrandecida e embelezada pela presença de todas as facilidades e avanços modernos, que aqui não só não se chocaram entre si, senão que se conjugavam, de sorte que o Helenismo e o Progresso pareciam associar-se agora para receber conjuntamente aquela homenagem
Em 1914 a Europa entrou em crise após o assassinato do Príncipe Ferdinando, do Império Austro-húngaro, na Sérvia, deflagrando a Primeira Guerra Mundial. A Guerra prosseguiu e os Jogos de 1916, que seriam disputados em Berlim, Alemanha, foram cancelados. A Guerra só chegou a um término em Junho de 1919, quando foi assinado o Tratado de Versalhes.
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