sábado, 9 de julho de 2011

1980 - MOSCOU - UNIÃO SOVIÉTICA

Os Jogos Olímpicos de 1980, os vigésimo-segundos da Olimpíada, foram sediados em Moscou, União Soviética. Apresentaram vários fatos marcantes, com destaque para: a primeira edição olímpica num país comunista; o maior boicote da história, liderado pelos Estados Unidos, resultando em pouca participação; a presença e o manifesto de países não alinhados à URSS; o apoio popular; a excepcional organização; as memoráveis cerimônias de abertura e de encerramento; a parcialidade dos oficiais no Atletismo; o chovinismo da torcida soviética; a supremacia da União Soviética e da Alemanha Oriental.
A votação que escolheu Moscou, capital do primeiro Estado socialista do mundo, como sede dos Jogos Olímpicos de 1980 ocorreu na sessão do Comitê Olímpico Internacional em Viena, Áustria, em outubro de 1974. Foi um acontecimento muito aguardado pelos desportistas e amantes do esporte na União Soviética (SHTEINBAKH, 1981). Moscou derrotou a única candidata, a norte-americana Los Angeles, por 39 votos contra 20 (KAISER, 2000). Pela primeira vez na história uma cidade de um país socialista ficou encarregada de abrigar os Jogos. Os enormes gastos de Montreal com os Jogos de 1976 intimidaram as cidades do mundo a se candidatar como sede de uma edição olímpica.
O apoio popular que os Jogos Olímpicos tiveram na União Soviética foi um dos maiores da história. Shteinbakh (1981) afirma que o Comitê Organizador recebeu várias cartas de apoio da população, inclusive com pessoas se oferecendo para trabalhar voluntariamente na construção das instalações esportivas. Shteinbakh (1981) acredita que o fato do esporte e da cultura física estarem presentes no modo de vida soviético foi um outro fator para o unânime apoio do povo soviético e, ainda acrescenta, que Moscou já se tornara há muito tempo um centro esportivo altamente popular, onde foram realizadas muitas competições dos mais diversos níveis, incluindo, dentre as principais, campeonatos mundiais, europeus e os Jogos Mundiais Estudantis Universitários, a Universíada. Independentemente da pouca liberdade política ou, como preferem outros, de sua ausência, a população soviética já estava cultivando, há mais de 50 anos, a prática esportiva e, internamente, realizavam uma espécie de Jogos Olímpicos internos, as Espartaquíadas, que reuniam cerca de 50 milhões de participantes e cujas finais, no formato olímpico, ocorriam em Moscou, um ano antes de cada edição olímpica. Seria natural que os torcedores estivessem desejosos em ver seus grandes ídolos medindo forças com os maiores atletas do mundo.
Os organizadores soviéticos deram um grande exemplo de eficiência e organização, transformando os Jogos de Moscou num gigantesco sucesso. Segundo Shteinbakh (1981), Moscou dispunha de excelentes instalações esportivas, cujo número perfazia um total acima de cinco mil e englobava a maioria dos esportes. Em termos de espectadores era possível abrigar cerca de um milhão. Entretanto, os organizadores tiveram que adaptá-las às exigências olímpicas. Shteinbakh (1981, p.223) assim descreve: "A fim de assegurar condições normais para os desportistas, espectadores e convidados, foi decidido reconstruir as instalações olímpicas existentes em Moscou e construir novas, que correspondessem às exigências do dia de amanhã quanto à sua arquitetura, equipamento técnico e o máximo de comodidades. Estas instalações foram munidas de aparelhagem eletrônica de registro e de informação; além disso foram preparados recintos e terreno, onde os desportistas podiam treinar e receber toda a assistência necessária".
A arena principal dos Jogos Olímpicos de Moscou foi o Estádio Central V. I. Lênin, situado em Luzhniki. O próprio estádio de Luzhniki passou por grandes mudanças e foram criadas novas instalações esportivas, como a sala desportiva universal “Druzhba”. O bairro Krilátskoie também se tornou um centro esportivo e recebeu esportes como o Tiro com arco, o Remo e o Ciclismo, sendo que neste ultimo o velódromo era um dos mais avançados do mundo (SHTEINBAKH, 1981).
A Vila Olímpica foi projetada de forma a facilitar os deslocamentos dos esportistas, com uma acomodação confortável e uma assistência perfeita. Localizou-se na região da avenida Michúrinski, de onde se podia transportar de forma cômoda os atletas para o estádio Lênin, para o complexo esportivo de Krilatskoie e para a região florestal de Bítsevo (SHTEINBAKH, 1981). Shteinbakh (1981, p.225) descreve a Vila Olímpica: “(...) Na Aldeia Olímpica foram construídas todas as instalações necessárias para a assistência cultural e outra, incluindo refeitórios, restaurantes, lojas, uma policlínica, uma sala para concertos e exibição de filmes, assim como salas de terrenos para a prática de desportos”.
Politicamente, o mundo passava por turbulências. Em Dezembro de 1979, a União Soviética havia invadido o Afeganistão, e os Estados Unidos e seus aliados exigiram a retirada dos soviéticos até Fevereiro de 1980, sob pena dos Jogos de Moscou sofrerem um gigantesco boicote. Wallechinsky (2004) explica que o boicote foi liderado pelo Presidente norte-americano Jimmy Carter e que foi parte de um pacote de ações do governo norte-americano para protestar contra a invasão soviética do Afeganistão. Segundo Wallechinsky (2004), Carter utilizou o boicote como uma forma de propaganda política, pois as eleições presidenciais dos Estados Unidos estavam próximas, e ainda procurou influenciar outras nações a adotarem a mesma política. Varela (1988), segue no mesmo sentido, informando que Jimmy Carter oficializou o boicote norte-americano no dia 20 de janeiro e pediu que os Jogos fossem retirados da URSS ou então suspensos se os soviéticos não abandonassem o Afeganistão em um mês. Shteinbakh (1981, p.226) descreve o empenho com que os norte-americanos se mobilizaram para estragar a festa soviética: "A partir de Janeiro de 1980, o boicote das Olimpíadas de 1980 tornou-se uma das mais importantes ações da Casa Branca no palco internacional. Para a sua realização foram destacados fundos e pessoal especial. L. Cutler, conselheiro jurídico de Carter, foi nomeado coordenador de todas as ações anti-olímpicas de Washington. Lançava-se mão de todos os recursos, incluindo a pressão aberta e grosseira sobre o Comitê Olímpio Internacional, como aconteceu, por exemplo, em Lake Placid, onde o então secretário de Estado norte-americano, C. Vance, exigiu quase em forma de ultimato que este Comitê recusasse a Moscou o direito de se tornar a capital das XXII Olimpíadas. O Comitê Olímpico Nacional dos EUA foi ameaçado de perder o seu “status” de organização, isenta da cobrança de impostos, o que seria equivalente a arruiná-lo; depois foi lhe dito que a recusa de apoiar o boicote seria considerada “uma ameaça à segurança nacional dos EUA”. O “lobby” anti-olímpico de Washington, que ameaçava “eliminar o movimento olímpico”, atuava não somente nos EUA: foi exercida uma tremenda pressão sobre os comitês olímpicos dos países da Europa Ocidental, da África, América Latina, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão...".
Os Estados Unidos realizaram uma intensa campanha de incentivo ao boicote olímpico, utilizando-se de mecanismos que poderiam ser mais apropriados aos países socialistas, que eles tanto criticavam. A decisão de repreender seu próprio Comitê Olímpico Nacional colocou os Estados Unidos na posição menos democrática dentre todas as nações, pois várias delas deixaram aos seus atletas e federações a opção de comparecer ou não a Moscou. Wallechinsky (2004) reforça esse entendimento ao mostrar que alguns governos, como o britânico e o australiano, apoiaram o boicote mas permitiram aos atletas decidirem por si próprios se deveriam ou não ir a Moscou. Porém, os norte-americanos não tiveram tanta liberdade de escolha, pois Carter ameaçou revogar o passaporte de qualquer atleta que tentasse viajar para a URSS. Varela (1988) se surpreende com o fato de 85 por cento dos norte-americanos apoiarem o boicote., o que deixou os atletas totalmente desamparados.
Arnold (1983) explica que na Grã-Bretanha havia uma grande dificuldade em se limitar as liberdades individuais. Embora o governo tenha incentivado e apoiado o boicote, permitiu que os atletas e federações decidissem se deveriam ou não ir a Moscou. Houve intensos debates e a decisão foi democrática, com atletas preferindo não ir aos Jogos e outros adotando o caminho contrário. Já os países que optaram pelo boicote e proibiram seus atletas de irem aos Jogos, poderiam refletir no sentido de que as restrições governamentais às ações dos atletas seria uma arma que a União Soviética poderia utilizar em similares circunstâncias (ARNOLD, 1983). Como já mencionado acima, os países capitalistas sempre criticaram a falta de liberdade individual que os países socialistas impunham aos seus indivíduos. Entretanto, em 1980, muitos deles adotaram uma política restritiva de direitos, que ia de encontro ao que mais abominavam nos adversários socialistas.
Convém observar que o esporte e os Jogos Olímpicos acabaram se tornando vítimas das ações do governo norte-americano, pois em outros setores, como o comercial, não houve qualquer retaliação norte-americana contra a invasão soviética. Arnold (1983, p.206) assim observa: “Houve um forte sentimento entre os esportistas que enquanto as relações comerciais e diplomáticas continuaram, eles não deveriam ser escolhidos como sofredores meramente porque um boicote era um gesto conveniente e não interferiria tanto nos negócios do dia”. Greeenberg (1987) também nota que nenhum boicote foi notado no comércio ou outra atividade econômica. E ainda acrescenta que, nos países em que houve liberdade de escolha, alguns esportes acabaram optando pelo boicote. Isso é facilmente percebido quando se observa a ausência de competidores em esportes como o Hipismo, a Vela, o Hóquei sobre a grama e o Tiro ao Alvo na relação de países que participaram dos Jogos de Moscou. Por esta razão verifica-se que países como Reino Unido, França, Itália e Austrália aparecem com atletas nas relações de participantes em determinados esportes e em outros não. De certa forma a decisão de boicote começou a fracassar quando os países mais democráticos permitiram que seus atletas tomassem suas próprias decisões, frustrando o objetivo norte-americano.
No final, 81 nações compareceram aos Jogos, um declínio de apenas 14 em relação a 1976, edição marcada pelo boicote dos países africanos. Entretanto, comparado a 1972, ano que registrou o recorde de participação, com um total de 122 países, houve a presença de 41 nações a menos. As ausências mais importantes foram as de Estados Unidos, Canadá, Alemanha Ocidental, Japão, Quênia, Noruega, Israel e Turquia (ARNOLD, 1983). Acreditamos que a importância dada por Arnold a estes países seja mais com referência a sua importância política do que propriamente esportiva, pois Israel e Turquia dificilmente conseguiriam atingir o pódio em alguma prova. Quanto a Noruega, Canadá e Quênia, apresentavam algumas chances de medalha. As ausências de peso esportivo foram as de Estados Unidos, Alemanha Ocidental e Japão.
Greenberg (1987) explica que é difícil determinar o exato número de países que realmente boicotaram os Jogos porque havia muitos países que não iriam por razões financeiras mas que seguiram a política de também se alinharem ao boicote. A mais confiável estimativa indica que cerca de 45 a 50 países boicotaram os Jogos. Wallechinsky (2004) menciona que um total de 65 países recusou o convite, mas compartilha da opinião de Greenberg ao também acreditar que o número dos boicotadores estava entre 45 e 50, e acrescenta que o número de 80 participantes foi o menor desde 1956.
Wallechinsky (2004) menciona que os esportes mais duramente afetados pelo boicote foram a vela, o hipismo, o hóquei sobre a grama e a natação masculina. Porém, uma análise mais ampla, baseada nas possibilidades dos atletas na época, inclui outros esportes também prejudicados, mas de forma menos intensa, pelo boicote, como: o Atletismo masculino, nas provas de velocidade e em algumas de saltos; o Tiro com Arco; parte da Ginástica masculina; o Judô e as provas masculinas de Saltos Ornamentais. Não se pode ignorar que em muitos outros esportes atletas dos países que boicotaram os Jogos eram fortes candidatos a algumas medalhas.
Os Jogos Olímpicos de Moscou foram oficialmente inaugurados no dia 19 de Julho e encerrados no dia 03 de Agosto. Contaram com a participação de 5.217 atletas de 81 países, incluindo 1.125 mulheres, que competiram num total de 203 provas distribuídas dentre 23 modalidades esportivas (KAISER, 2000). Segundo dados de Wallechinsky (2004) não foi quebrado nenhum recorde de participação, sendo que o número de atletas foi inferior ao das edições de 1960, 1968, 1972 e 1976, e o de países o menor desde 1956, exclusive. Varela (1988) informa que dos 81 países presentes em Moscou, uma boa parte recebeu subvenções do governo soviético para que pudessem viajar até a cidade e comparecer aos Jogos.
A cerração da jornada inaugural e a chuva ameaçadora prestaram a ocasião para que os meteorólogos soviéticos demonstrassem seu avanço técnico. Mediante algumas explosões na atmosfera conseguiram conter a chuva prognosticada e a grande cerimônia inaugural pôde prosseguir normalmente (VARELA, 1988).
A Cerimônia de Abertura foi uma das mais belas de todos os tempos. Incluiu jovens de túnicas gregas com ânforas fumegantes nas mãos, outras com belos vestidos, carros gregos antigos com jovens que despejavam pétalas de rosas sobre a pista em que desfilaram posteriormente os desportistas. O Presidente Leonid Brejnev declarou os Jogos abertos e, após a saída dos atletas e o fim da cerimônia oficial, a festa continuou com cerca de 16 mil atletas e artistas que atuaram majestosamente (SHTEINBAKH, 1981).
A Associação Olímpica Britânica, apesar de não ter boicotado os Jogos, realizou uma forma de protesto com relação à questão do Afeganistão. Seu secretário geral marchou sozinho durante o desfile das delegações na cerimônia de abertura, carregando a bandeira olímpica ao invés da britânica. Os protestos também se estenderam às cerimônias de premiação, nas quais o hino e a bandeira britânicos foram substituídos pelos símbolos do Comitê Olímpico Internacional. Outros países adotaram a mesma política e houve provas em que três bandeiras olímpicas foram hasteadas (ARNOLD, 1983). Varela (1988) esclarece que dezoito países desfilaram sem bandeiras e anunciaram que, em caso de vitória de seus atletas, seria tocado o hino olímpico ao invés dos seus hinos nacionais. Este foi um pacífico caminho encontrado pelos países que contestavam a política militar soviética. Shteinbakh (1981, p.228) observa que mesmo eles foram saudados pelo público: "(...) Quanto às pessoas, que devido à pressão externa se viram forçadas a camuflar-se com a bandeira olímpica, que ninguém as condene. Os presentes saudaram com o mesmo calor e cordialidade também os grupos minúsculos, puramente simbólicos, compostos apenas da rapariga, que trazia a tabuleta com o nome do comitê olímpico nacional e do porta-estandarte, como se dissessem aos desportistas que ficaram neste momento solene além do estádio: lembramo-nos de vocês e damo-lhes todo o nosso apoio".
Pode parecer que os soviéticos ficaram constrangidos com este tipo de manifestação, entretanto, o fato de países como Itália, Reino Unido, França e Austrália terem enviado representações aos Jogos Olímpicos, contrariando orientações norte-americanas, representou uma grande vitória para eles.
Apesar da pouca presença de Nações, Shteinbakh (1981) percebe a primeira participação de Angola e Moçambique, libertados do jugo colonial, e também do Laos e do Vietnã socialista. Menciona também o retorno da antiga Rodésia, dessa vez com a denominação Zimbábue, e que passou por grandes mudanças, com o fim do regime racista, que a excluíra do movimento olímpico, com um novo regime estatal e um novo nome.
Iniciadas as competições, os torcedores soviéticos deram uma horrível demonstração de sua falta de espírito esportivo. Foram vários os momentos em que vaiaram atletas de outros países, principalmente da Alemanha Oriental e da Polônia. Wallechinsky (2004, p.19) escreveu: “(...) Com as tradicionais potências Alemanha Ocidental, Japão e Estados Unidos ausentes, alguns torcedores soviéticos expressaram suas agressões vaiando e insultando os poloneses e os alemães-orientais”. Collins (1996) afirma que as vaias dos torcedores foram direcionadas tanto para atletas do Ocidente quanto para aqueles de aliados políticos, citando os casos do brasileiro João Carlos de Oliveira no salto triplo e do alemão-oriental Wolfgang Schmidt no lançamento de disco. Wallechinsky (2004) ainda acrescenta o caso do polonês Wladyslaw Kozackiewicz no salto com vara.
Os julgamentos da arbitragem e a atitude de alguns componentes da organização do evento também criaram muita polêmica. Collins (1996) lembra os incidentes envolvendo a prova de lançamento de dardo, em que os portões do estádio eram abertos para favorecer os atletas soviéticos, aproveitando-se a corrente de vento, e o lançamento de disco, em que a marca do cubano Luis Delis parecia ter sido encurtada para favorecer o soviético Rashschupkin. Goodbody (1982) acrescenta que na Ginástica feminina houve arranjos para favorecer a soviética Yelena Davidova na disputa do título geral individual diante da romena Nadia Comaneci, dando posteriormente à segunda duas medalhas de ouro não merecidas nas finais de aparelhos como forma de compensação. Wallechinsky (2004) também inclui incidentes na disputa masculina de trampolim em favor do soviético Portnov. Na verdade, a União Soviética não necessitava destes condenáveis artifícios, pois era a grande potência olímpica daquela época. Os incidentes ocorridos em Moscou não contribuíram em nada para seu triunfo e serviram apenas para manchar uma excelente atuação dos seus atletas.
Apesar do gigantesco boicote que sofreram, os Jogos Olímpicos de Moscou apresentaram um excelente nível técnico. Foram batidos 32 recordes mundiais e 70 olímpicos, números pouco abaixo dos resultados dos Jogos de 1976, que registraram 38 marcas mundiais e 84 olímpicas. A União Soviética conquistou um total de 195 medalhas, 80 de ouro, 69 de prata e 46 de bronze, mantendo-se na liderança do esporte olímpico por ampla margem. A Alemanha Oriental somou 126 medalhas, 47 de ouro, 37 de prata e 42 de bronze. Juntos, os países socialistas obtiveram 163 medalhas de ouro, sendo que União Soviética e Alemanha Oriental venceram 127 das 203 provas disputadas (KAISER, 2000). Pelos resultados da época, os Estados Unidos poderiam ter alcançado a segunda colocação no quadro geral de medalhas, à frente da Alemanha Oriental, mas superados pela União Soviética. Segundo Arnold (1983, p.214), os Jogos de Moscou não apresentaram muitos atrativos para o público ocidental: "Os Jogos foram os menos interessantes por muitos anos para muitos dos espectadores assistindo-os pela televisão ao redor do mundo, embora as platéias soviéticas nos eventos mesmos estiveram entusiásticas o bastante. Para os não-simpatizantes foi um exercício de mau humor assistir à eficiência dos super treinados esportistas da U.R.S.S. e da Alemanha Oriental derrotarem o resto, particularmente nos esportes técnicos e de equipe...Os soviéticos ganharam 80 medalhas de ouro, um recorde para um país em quaisquer Jogos, e os alemães-orientais ficaram bem à frente do resto com 47".
Arnold (1983), depois de explicar que os Jogos Olímpicos sem os Estados Unidos não representavam o esporte mundial, acredita que as pessoas no Ocidente nunca entrarão num acordo a respeito de que os Jogos deveriam ou não terem sido boicotados, pois o esporte, como tudo na vida, também está na arena política. Menciona Coubertin, que sabia que o esporte poderia ser utilizado tanto para consolidar a paz como para preparar para a guerra. Arnold, que escreveu seu livro antes dos Jogos de 1984, esperava que os atletas do mundo se encontrassem em Los Angeles num espírito olímpico de amizade para todos.
A Cerimônia de Encerramento dos Jogos Olímpicos de Moscou foi outro momento inesquecível da história esportiva, e acabou simbolizada pela cena de um mosaico feito na arquibancada em que o ursinho Misha, a mascote dos Jogos de Moscou, derramava lágrimas conforme os Jogos eram encerrados. Varela (1988, p.107) lembra outro momento: "(...) A cerimônia de encerramento mostrou todo o romantismo e nostalgia do povo russo, com a espetacular elevação de uma gigantesca mascote, o urso Misha, que ascendeu majestosamente do estádio Lênin entre melodiosos cânticos populares que acompanhavam o popular urso até os intermináveis bosques da estepe russa. Foi uma jornada memorável".
Toda a incerteza gerada nos Jogos Olímpicos de Moscou deixava dúvidas do que poderia ocorrer em Los Angeles, próxima sede olímpica, em 1984.

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