Os Jogos Olímpicos de 1976, os vigésimos primeiros da Olimpíada, foram sediados em Montreal, Canadá. Foram marcados por vários fatos, como: o elevado custo da organização causado pela grande corrupção e falta de planejamento; as greves dos trabalhadores encarregados de construírem o complexo olímpico; o enorme sistema de segurança, procurando prevenir tragédias como a de 1972; a excelente tecnologia; o maior boicote da história olímpica até então, promovido por países africanos em protesto pela participação da Nova Zelândia; a questão da China e de Taiwan; a maior participação feminina, ingressando em mais esportes; a inovação na cerimônia de abertura, com duas pessoas conduzindo a tocha; o sucesso esportivo; e a questão do doping.
Em 1967 a cidade de Montreal organizou com grande sucesso a exposição mundial e, com ela, resolveu muitos dos seus problemas. Seu Prefeito, Jean Drapeau, desejava que os Jogos Olímpicos fossem realizados na cidade para que influenciassem a juventude se apaixonar pelo espírito olímpico e para que o local fosse abastecido com as mais variadas instalações esportivas, que eram em pequeno número e geralmente destinadas aos esportes mais tradicionais, como futebol americano, beisebol, hóquei, basquetebol e boxe (SHTEINBAKH, 1981). A canadense Montreal obteve o direito de organizar os Jogos Olímpicos de 1976 ao superar a soviética Moscou por 41 a 28 na segunda rodada de votações dos membros do Comitê Olímpico Internacional em 13 de Maio de 1970, em Amsterdã, Holanda (KLUGE, 2000). Pela primeira vez na história o Canadá abrigou os Jogos Olímpicos. O Prefeito Drapeau garantiu que os Jogos seriam modestos, simples e dignos. Entretanto, o valor previsto de 310 milhões de dólares acabou chegando a cerca de 2 bilhões (SHTEINBAKH, 1981). Mas há controvérsias quanto ao valor final do evento.
A principal razão para tamanho gasto acabou sendo a grande corrupção e um fraco planejamento (WALLECHINSKY, 2004). Segundo Arnold (1983), o valor dispensado com os Jogos foi estimado em cerca de 1,5 bilhão de dólares. Muito desta enorme conta ficou a cargo dos contribuintes de Montreal, que levariam, segundo informa Arnold (1983), aproximadamente 25 anos para pagá-la, através de crescentes impostos. O atraso na construção do estádio e de outras instalações e os custos escalonados numa desesperada tentativa de se manter dentro do programa, foram o que mais consumiu recursos. A operação esteve quase fora de controle e a experiência provavelmente colocou fim à política dos organizadores de quererem sempre superar seus antecessores. Varela (1988) comenta que os impostos dos cidadãos de Montreal ficaram hipotecados até 2004, mas opina no sentido de que há um equívoco nessa análise, pois os custos estritamente com os Jogos teriam sido cobertos pela arrecadação que os mesmos geraram. Varela (1988) ainda informa que, inicialmente, previa-se um gasto de 310 milhões de dólares canadenses que se transformaram em 1,4 bilhão, porém explica que nestes custos estão incluídos os investimentos realizados para melhorar a cidade, que englobam o metrô, os acessos, as construções habitacionais da Vila Olímpica, as instalações esportivas e o centro comercial em Sainte Catherine. Só assim se pode avaliar a realidade financeira.
Um grave problema enfrentado pelos organizadores canadenses foram as greves. À medida que havia necessidade de se concluir as obras do estádio, do palácio de esportes, da Vila Olímpica e do velódromo, os sindicatos da FTQ - acusados de terem conexão com a máfia - foram reivindicando aumentos de salário, parando o trabalho das construções olímpicas. O ministro Victor Goldbloom promulgou uma lei que proibia as greves dos trabalhadores nos meses que antecederam os Jogos e, assim, as instalações foram concluídas. Não adiantou alegar-se a inconstitucionalidade da lei, pois até que uma decisão fosse tomada, as obras já estavam terminadas (VARELA, 1988). Shteinbakh (1981, p.210) descreve o processo de construção das obras: "As obras eram realizadas em condições difíceis. Estava um frio de rachar, praticavam-se inúmeras falcatruas, os empreiteiros extorquiam mais e mais dinheiro ao Comitê de Organização. Os erros cometidos pelos construtores acarretaram a morte de 13 operários e inúmeros acidentes. Ora num, ora noutro local eclodiam greves".
Num cenário de tamanha turbulência era inevitável que houvesse brechas para que políticos e empresários aproveitadores desviassem recursos. Apesar de todo problema a cidade foi reestruturada e a organização dos Jogos foi excelente.
Com a motivação dos Jogos Olímpicos, Drapeau dotou Montreal - como quatro anos antes fez Munique - de um moderníssimo metrô (que em uma cidade asfixiada entre o rio Saint-Laurent e as colinas do Mont Royal precisava de um descongestionamento importante do tráfego); de um aeroporto totalmente novo; de um indispensável acesso às autopistas - singularmente as saídas para Seerboocke, para o novo aeroporto e para o oeste - ; de tendas e vitrines cálidas e confortáveis; e planejou uma cidade no subsolo que, para uma urbe de frio áspero no inverno, significava um respiro para os comerciantes de Montreal. A Vila Olímpica, o estádio e o velódromo foram, assim mesmo, construções para a cidade (VARELA, 1988, P.88).
As instalações estiveram perfeitas, sendo que a única crítica foi direcionada ao estádio olímpico, em que alguns atletas reclamaram de bolsões de ventos. O estádio principal mostrava repetições instantâneas dos eventos que ocorriam no estádio através de uma larga tela (ARNOLD,1983).
A questão da segurança foi um dos pontos de maior preocupação dos organizadores canadenses por causa das lembranças dos tristes eventos ocorridos com os israelenses 4 anos antes. Antes do início dos Jogos, as forças de segurança fizeram uma conferência para explicar à imprensa as medidas que seriam adotadas para se manter a ordem. A operação de segurança previa contar com a participação de quase 20 mil pessoas, metade delas das Forças Armadas do Canadá. As demais pertenciam à polícia de Montreal, às forças de segurança do Quebec e à polícia da província de Ontário (SHTEINBAKH, 1981). Felizmente o sistema de segurança provou-se eficiente para manter os Jogos de Montreal livres de qualquer ameaça terrorista. Na verdade, os incidentes em Munique acabaram mudando drasticamente as preocupações dos países cuja cidade fica encarregada de abrigar os Jogos Olímpicos. O tema “Segurança” passou a ser uma das prioridades na pauta dos anfitriões. Atualmente eles planejam verdadeiras operações militares, com mobilizações de contingentes da marinha, da aeronáutica e do exército, além de esquadrões especializados em bombas e em armas químicas. Infelizmente a insanidade humana atingiu um evento cuja única preocupação deveria ser promover a paz e a amizade entre os povos.
A tecnologia sempre deixou sua marca nos Jogos Olímpicos. Em Montreal, o cenário não foi diferente. Telões medindo 20x10 metros foram instalados no estádio olímpico e permitiram a repetição das competições em câmera lenta. Na piscina olímpica, a ampla largura de suas paredes e a colocação de uma pequena calha a 2,5 metros abaixo da superfície da água foram responsáveis pela diminuição da ondulação da água conforme os nadadores competiam. Outra inovação ocorreu no momento em que se acendeu a pira em Atenas e o fogo foi transmitido através de um moderno sistema que transformou as partículas ionizadas da chama em corrente elétrica, que foi transmitida em frações de segundo, através de um satélite cósmico, para o além-mar, para Ottawa e daí fazendo a operação inversa e acendendo uma pira na capital do estado do Canadá, a partir de onde a chama foi conduzida por corredores (SHTEINBAKH, 1981).
Politicamente o mundo continuava vivendo suas turbulências: na América Latina foram estabelecidas várias ditaduras, sendo que a de maior repercussão foi a chilena, que vitimou o presidente Salvador Allende; na Argentina um golpe militar coloca o general Jorge Videla no poder; comunistas tomam o poder no Laos; o Líbano entra em guerra civil; a Índia explode sua primeira bomba nuclear (ALMANAQUE ABRIL, 1984). A agitação política do mundo acabou vitimando também os Jogos de Montreal. Duas questões acabaram repercutindo no evento, uma envolvendo novamente a China Comunista e Taiwan, e a outra, que causou o maior boicote da história olímpica até então, referindo-se à Nova Zelândia e aos países da África.
A China Comunista, conforme vimos anteriormente, retirou-se do movimento olímpico em 1958. Entretanto, o Canadá a reconhecia, principalmente porque exportava milhões de alqueires de trigo para lá. Os canadenses se recusaram a convidar a “República da China” com este nome, permitindo sua participação abaixo da denominação “Taiwan”. Os taiwaneses resolveram não competir (ARNOLD, 1983). Novamente os Jogos ficaram sem a presença de qualquer representação chinesa. A questão “China x Taiwan” foi muito controvertida no Movimento Olímpico e apresentou seus momentos mais difíceis na década de 50, quando a China Comunista, não aceitando a política do Comitê Olímpico Internacional, resolveu retirar-se do movimento olímpico em 1958. O mesmo COI também se opôs à participação dos taiwaneses como “China”, conforme ocorreu nos Jogos de 1960, quando competiram “sob protesto”. O ponto final desta confusa relação dos chineses com os Jogos Olímpicos ocorreu em 1979, quando o Comitê Olímpico Internacional reconheceu a China Comunista como República da China e Taiwan como Taipé Chinesa. A partir daí, os chineses deixaram de lado as rivalidades e passaram a atuar mais ostensivamente no seio olímpico.
O boicote dos países da África Negra foi o principal incidente que afetou os Jogos Olímpicos de 1976, e antecedeu os tristes boicotes de1980 e de 1984. Varela (1988, p.96) descreve como se deu o incidente: "Em 1975, uma equipe de rugby - esporte não reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional e, por conseguinte, fora de sua autoridade - de um clube neozelandês - não a equipe nacional - jogou umas partidas na África do Sul contra os Springbok. Alguns países africanos pediram que se proibisse a participação, nos Jogos de Montreal, da equipe da Nova Zelândia, como sanção àquelas relações de uma equipe de clube privado, de um esporte não olímpico, com uma equipe de clube da África do Sul. O COI se desentendeu do problema, afirmando que não lhe concernia, já que o Comitê Olímpico da Nova Zelândia carecia de controle e de autoridade para adotar alguma medida, e menos uma sanção, em um esporte que estava fora de sua jurisdição. Parecia solucionado o problema e, consequentemente, todas as delegações africanas se apresentaram em Montreal dispostas a participar nos Jogos de 1976. Dois dias antes da Cerimônia de Abertura dos Jogos, em 15 de Julho de 1976, dezesseis países africanos exigiram que o COI, em Montreal, expulsasse da Vila Olímpica e dos Jogos a equipe da Nova Zelândia por, afirmavam, manter relações com a África do Sul. No mesmo dia da cerimônia inaugural dos Jogos, em 17 de julho de 1976, depois que as delegações africanas receberam a ordem de seus respectivos governos, numa decisão puramente política, retiraram-se dos Jogos. Foi realmente triste ver como a maioria dos atletas refletia em seus rostos sua desolação por aquela frustração esportiva, muitos deles com lágrimas nos olhos faziam suas malas e devolviam suas credenciais. Somente Senegal e Costa do Marfim desafiaram aquela ordem política e permaneceram em Montreal participando, valentemente, nos Jogos".
Wallechinsky (2004) acrescenta que o grande agitador para o boicote foi o ditador da Tanzânia, Julius Nyerere, que não se contentou com o fato da África do Sul já estar excluída dos Jogos Olímpicos e do rugby ser um esporte que não era afiliado ao Movimento Olímpico. Com isso, acabou influenciando 22 governos africanos a boicotarem o evento de Montreal. Wallechinsky (2004) lembra que o boicote não se restringiu apenas a países africanos, contou com a adesão da sul-americana Guiana. Aliás, um corredor de Guiana, James Gilkes, pediu permissão para competir como um atleta independente, mas o COI rejeitou seu apelo.
Wallechinsky (2004) acrescenta que o grande agitador para o boicote foi o ditador da Tanzânia, Julius Nyerere, que não se contentou com o fato da África do Sul já estar excluída dos Jogos Olímpicos e do rugby ser um esporte que não era afiliado ao Movimento Olímpico. Com isso, acabou influenciando 22 governos africanos a boicotarem o evento de Montreal. Wallechinsky (2004) lembra que o boicote não se restringiu apenas a países africanos, contou com a adesão da sul-americana Guiana. Aliás, um corredor de Guiana, James Gilkes, pediu permissão para competir como um atleta independente, mas o COI rejeitou seu apelo.
Shteinbakh (1981) afirma que o Conselho Pan-Africano do Desporto havia alertado os neozelandeses, e o Presidente do mesmo, A. Ordia, apelou aos neozelandeses para que pensassem naqueles irmãos africanos que não podiam usufruir da liberdade na vida esportiva da mesma forma que eles. Ainda assim, os neozelandeses foram à África do Sul e provocaram o descontentamento de vários países africanos que acabaram boicotando os Jogos Olímpicos. Até mesmo o embaixador da Nova Zelândia no Canadá manifestou-se contrariamente à participação dos neozelandeses na África do Sul ao entender que representava o apoio à discriminação racial no esporte e que era um ato que não contribuía para a amizade entre os desportistas do mundo.
Arnold (1983) explica que nem todos os países que boicotaram os Jogos o fizeram por questões políticas, pois alguns deles não tinham condições de custear a viagem de suas delegações ao Canadá. Arnold (1983) acrescenta que não houve simpatia pela atitude dos africanos porque era patente que a Nova Zelândia havia sido escolhida dentre outros países que também mantinham relações esportivas com a África do Sul.
Varela (1988) acredita que a atitude dos países africanos alcançou maior repercussão do que se tivessem competido em Montreal. O boicote lhes deu maior notoriedade e projeção de imagem no mundo olímpico, possibilitando-lhes também assumir um papel de protagonista, compensando a frustração esportiva dos seus atletas. Mas Varela (1988) encerra afirmando que a decisão frustrou uma geração de esportistas africanos. A questão do boicote africano já havia sido ensaiada em 1972, quando os países africanos ameaçaram um boicote caso a Rodésia fosse permitida competir. Parece que os africanos estavam esperando uma oportunidade para realizarem uma demonstração de força, e escolheram a Nova Zelândia como vítima de suas ações.
A ausência dos países africanos causou prejuízos basicamente a apenas dois esportes: Atletismo e Boxe. Os corredores africanos eram fortes candidatos às medalhas nas provas de distância, a partir dos 800 metros até a Maratona, incluindo o revezamento 4x400m. Os destaques ficavam por conta de Etiópia, Quênia e Tanzânia. No Boxe, representantes de Uganda, Quênia e Nigéria poderiam chegar ao pódio. A ausência dos africanos no Boxe fez com que muitos combates fossem cancelados, levando muitos boxeadores a vencerem por “wo”.
Na Vila Olímpica houve certa agitação quando um jovem soviético de 17 anos de idade desapareceu. Os oficiais da delegação soviética ameaçaram se retirar dos Jogos a menos que o jovem fosse devolvido. Posteriormente descobriu-se que ele havia sumido por ter-se envolvido em um namoro com uma norte-americana (ARNOLD, 1983).
Os Jogos Olímpicos de 1976 foram oficialmente inaugurados em 17 de Julho e encerrados em 1 de Agosto. Contaram com a participação de um total de 6.028 atletas de 92 países, incluindo 1.247 mulheres, que competiram num total de 198 provas distribuídas em 23 modalidades esportivas (KAISER, 2000). Os números de participação geralmente são controversos. Kluge (2000) informa que o número de atletas participantes foi 6.055, dos quais 1.261 eram mulheres. Algumas fontes falam em 88 países participantes, pois 4 deles haviam abandonado os Jogos depois de já terem disputado algumas provas. Marrocos, Camarões, Tunísia e Egito foram os países que decidiram boicotar os Jogos quando já haviam competido neles (KLUGE, 2000). Independentemente da contradição nos números, é indiscutível o prejuízo que o boicote africano ocasionou na participação final, diminuindo, segundo dados de Wallechinsky (2004), em 1.149 o número total de atletas e em 29 o de nações participantes em relação a 1972. Se considerarmos o boicote dos outros 4 países africanos, a conta chega a 33.
A entrada da chama olímpica no estádio foi marcada por uma inovação. Duas pessoas, uma mulher e um homem, conduziram a tocha olímpica no seu último trajeto e com ela acenderam a pira olímpica. O Comitê Organizador escolheu a mulher para representar a comunidade anglófona e o homem para representar a comunidade francófona, já que o Canadá apresenta uma parcela da população de origem britânica e outra de origem francesa. Varela (1988) entende que a iniciativa resolveu a questão dos setores anglófono e francófono do país, bem como a questão da reivindicação feminista.
As mulheres continuaram ampliando sua participação nos Jogos Olímpicos, competindo pela primeira vez no Basquetebol, no Remo e no Handebol. Inclusive, embora o boicote africano tenha reduzido o número total de atletas participantes em relação a 1972, a presença feminina aumentou de 1.058 para 1.246 atletas (WALLECHISNKY, 2004). O ingresso das mulheres no Remo representou uma revolução, já que o esporte é considerado de grande exigência física. Além disso, as mulheres receberam o direito de já competirem em 6 provas. Curiosamente, a Canoagem, que já contava com participação feminina desde 1948, ainda estava limitada a 2 provas.
As competições esportivas apresentaram um excepcional nível técnico, com o registro de vários recordes mundiais e olímpicos. Uma importante mudança ocorrida em Montreal, e que já havia sido sinalizada em 1972, foi o fim da bipolarização do mundo olímpico entre Estados Unidos e União Soviética, a partir da ascensão da Alemanha Oriental à condição de superpotência olímpica. A União Soviética conseguiu ampliar seu domínio e aumentar sua diferença em relação aos norte-americanos ao somar um total de 125 medalhas, incluindo 49 de ouro, 41 de prata e 35 de bronze. Os Estados Unidos repetiram o mesmo total de 1972 ao conquistar 94 medalhas, 34 de ouro, 35 de prata e 25 de bronze. Entretanto, foram superados em número de vitórias pela ascendente Alemanha Oriental, que obteve 90 medalhas, 40 de ouro, 25 de prata e 25 de bronze. Esta divisão tripartida da liderança do esporte mundial, iniciada na década de 70, prolongou-se pelos anos 80.
A questão do doping ganhou considerável repercussão em Montreal, com o registro de 11 desclassificações, oito no Levantamento de Peso, uma no Atletismo, uma na Vela e uma no Tiro ao Alvo (KAISER,2004). No Levantamento de Peso as desclassificações acabaram alterando o quadro de medalhas, pois o polonês Zbigniew Kaczmarek, campeão na categoria até 67,5 kg, e os búlgaros Valentin Hristov, campeão na categoria até 110 kg, e Blagoi Blagoev, prata na categoria até 82,5 kg, tiveram que devolver suas medalhas (WALLECHINSKY, 2004). Os soviéticos Pyotr Korol e Yuri Zaitsev acabaram ficando com as medalhas de ouro nas categorias até 67,5 kg e 110,0 kg respectivamente. Kluge (2000) informa que a desclassificação dos envolvidos e a correção dos resultados ocorreram no dia 15 de Outubro de 1976. Dessa forma, muitos livros da época ostentam os resultados antigos, pois foram publicados logo após os Jogos.
Num balanço final, aqueles que pensam que os Jogos não foram satisfatórios acham que o ideal olímpico ficou comprometido por causa das alegações de corrupção durante as preparações das construções e pela comercialização de tudo. Muitos que acreditavam nos Jogos sentiram que eles estavam fora do espírito de sua concepção. E os canadenses tiveram maiores motivos para se sentirem desapontados, pois não ganharam uma única medalha de ouro, tiveram seus Jogos manchados pelo boicote africano e ainda tiveram uma enorme conta para ser paga (ARNOLD, 1983). Por outro lado, os Jogos Olímpicos de Montreal foram bem sucedidos em muitos aspectos, principalmente com relação à organização e ao nível técnico das competições esportivas. Infelizmente, carregam as cicatrizes do boicote africano, que não foi nada se comparado ao que viria a assolar o Movimento Olímpico nas edições seguintes em 1980 e 1984.
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